domingo, 27 de maio de 2007

CONVERSAS E CEREJAS – TEMPO DELAS

Leitor atento – ao que parece assíduo – interpelava-me outro dia, na esplanada, sobre se eu já tinha
arranjado casa, porque tinha lido a saga da” Rua do lagar dos Dízimos”, a estória em que o
protagonista é um coleccionador de objectos de arte em luta com a falta de espaço para desenvolver
o seu negócio. Não é bem na Rua do Lagar dos Dízimos, mas olhe que não fica muito
longe...continua interessado?- questionava o meu amável frequentador.
Para dizer que muitas vezes aquilo que escrevemos não passa de ficção, como que um passeio pelo
Parque, a seguir ao jantar, a passear o cão, ou ficarmos na varanda a contemplar a lua ou
simplesmente a escutar o respirar da Rua. Fruindo a paz da digestão da cidade do Sossego
Acabo de reler Gogol: A Cidade do sossego e O Capote
o drama ingente do funcionário público Acaqui Acaquievich- que toda a sua vida se resguardou do
frio sob um capote velho – desbotado, coçado, transparente e puído que nem pano de peneiramotivo
de chacota de todos os colegas de Repartição,
que resolvem presenteá-lo com uma festa deslumbrante no preciso dia em que ele se apresenta ao
serviço exibindo com orgulho o seu capote novo.
A festa terminou alta noite, acontecendo que o nosso herói Acaqui Acaquievich – de regresso a
casa é assaltado, espancado e impiedosamente despojado do seu Capote novo.
Uma estória de medo
Que é o que sinto quando pego a chave do meu velho Mercêdes, o retiro do barracão que serve de
garagem desde há 3 longas semanas – tantas são as que, por imposição da lei, não posso nem tocarlhe.
Começa a faltar água em casa . A água de consumo diário em casa provém de 4 origens. A
saber: a) – de poço, altamente poluída pela agricultura intensiva praticada a menos de 10 metros,
utilizada apenas em lavagens: roupa; loiça; chão; banho; sanita e semelhantes.
b) – Charca (você conhece: das minhas culturas aquáticas - “Placas Flutuantes” - tenho no momento
gladíolos majestosos) – para rega da pequena horta de apoio à minha magra subsistência.
c) – do Poço da Horta do meu amigo senhor Cachola – exclusivamente para cozinhar.
d) – do Supermercado – garrafões de plástico de 5 litros ( Sousa Sintra & cª. ) - exclusivamente
para beber e fazer cubos de gelo para algum copito de escocês.
Tenho portanto que ir à água (c e d ) . Que não posso transportar na bicicleta. Que transportar de
Táxi me fica mais cara do que comprar a própria empresa que a fornece: Luso; Pedras; Serra; sei
eu lá....Telefonar a um amigo:eh pá, não te importas de passar por aqui, que eu preciso de ir à
água? - também não faz sentido
Arriscar dois quilómetros de estrada até à Igrejinha – nunca a polícia local me pediu os
documentos. Mas, se arrisco, não vai repetir-se comigo a tragédia de Acaqui Acaquievich? :
um ensacado de “porrada” e apreensão da viatura?
ci)
Aviatura ...viatura aéra... aeroporto-
Conversa do ministro: verborreia; diarreia verbal; incontinência oral.....
Deserto? Deserto está o povo (da margem sul) que o homem ganhe Norte
Mesmo o tido como sensato dr. Almeida Santos resvala para o chavanco da demagogia quando
alega, em defesa da OTA, o perigo potencial da destruição de pontes. Não esperava essa,
respeitável senhor! Que pontes? As 3 que já existem ou a projectada 4ª.?
Quarta – Carta... Carta -de-condução...Anúncio: namorada- procura-se: que tenha carro e carta de-condução. Importante – VÁLIDA.
É favor enviar fotografia.
Da Carta
Mesmo desencartado- seu
António Saias

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