quarta-feira, 13 de junho de 2007

LOBBIES HOMENS

É assim: aqui há tempos tive oportunidade de ouvir uma entrevista com um “lobista”profissional.
Digo-Vos só que não é vida fácil, não! A pessoa tem que ser encartada, como qualquer profissional
da actividade privada: médico; advogado; especulador imobilário; parteira; odontologista; prostituta
de estrada – arrear pelo último figurino, fazer ginásio, frequentar diariamente a
manicura,desodorizar todos os estuários do corpo, cortar – pelo menos meia-dúzia de línguas:
europeias, eslavas, árabes, mas também as dos impérios emergentes ( sobretudo o chinês, o tal de
mandarim ou coisa semelhante), frequentar os melhores Restaurantes das grandes capitais, estar
familiarizado com o habitat dos luxuosos transatlânticos, ter plafond bancário para alugar a qualquer
hora um jacto de luxo da Virgin-Air, tratar por tu os grandes traficantes da Colômbia – disfarçados
de produtores de meloa Cantaloupe. O “lobista” não é um borra-botas armado em espertalhaço, um
troca-tintas que debutou nas Praias do Estoril, arranhando o francês e o inglês com uma turista
duvidosa, uma qualquer funcionária de Agência de Viagens premiada pelas vendas que logrou fazer
para as Caraíbas ou para o Kurdistão iraquiano. Nada disso!
O “lobista”, mesmo em Portugal, que é uma nação do pequeno tráfico, do comércio incipiente, da
indústria do prego e do balde de esfregona, da renda de bilros e da passamanaria, do atacador e do
agrafe, do pau-de-giz e da colher de pau, pois mesmo em Portugal, dizia, ser “lobista” não está ao
alcance de qualquer um.
Veja-se o que se passa agora com a euforia dos negócios aeroportuais: OTA ? Alcochete jamais
jamais. Mas já de novo OTA jamais jamais, ALCOCHETE peut-être peut-être. Inovador nestes
negócios é a info-exclusão do yes yes...Ao menos isso!
Os noticiários transbordam de gente a bater-se pela enorme mousse de Euros. Ota? Alcochete?
Também eu, olha não? Se tivesse lá a porcaria da courela que tenho aqui à beira do Divor, que só
me dá balanco e rabo-de-raposa para me dar trabalho à roçadora e dores nas costas de passar o ano a
capinar. E melgas, rãs, cágados, melros e pardais do telhado que me vão crestando as poucas
hortaliças que conseguem vingar neste clima desértico de picos climatéricos com que é difícil
acertar – até para dormir.
A quantidade de gente, senhores, em volta destas duas vulgaríssimas, rurais, anónimas freguesias!
Entalaram o governo, conseguiram enlear pessoas que julgo honestas – como o próprio Presidente
da Republica – protelaram o definitivo jamais jamais para mais seis meses, pelo menos.
Olhem, se fosse eu, sabem como resolvia o problema? Nem Ota nem Alcochete. Como aquela gente
toda não aspira a mais do que encher os bolsos de euros, chamava-os a todos, um por um, e
distribuía uns mil milhões dos não sei quantos que hão-de vir de Bruxelas qualquer dia, e avançava
já com um exército de máquinas em direcção a Vila-Franca. Sim senhores, Vila-Franca-de-Xira,
que, mais légua menos légua, fica por ali a meio-caminho, e arrancava, agora a seguir ao Santo
António, a terraplanar as lisas várzeas da Lezíria. Em meia-dúzia de meses tinha acabado com
aquele infindável viveiro de enguias e mosquitos, criação de gado bravo e cavalo puro
lusitano,estava-me nas tintas paras rotas das aves migratórias e minudências semelhantes ( ao que
parece até consensuais entre os próprios ambientalistas!) e estava pronto a receber o tal Airbus com
capacidade para transportar os indemnizados todos da gigantesca operação.
Mudava era o nome a Vila-Franca – para agradar a gregos e troianos- : ALCOCHOTA.
Está o meu leitor disposto a constituir Lobby por esta terceira alternativa?
Se SIM, assine aqui. Eu sou já o primeiro:
António Saias

Um comentário:

JR disse...

Acima, pois, Alcochota
Mais alto que Alcochete
E p´ra lá da dita Ota
Vamos enfiar-lhes o barrete

Abraço