ROSÁRIA MANDOU-ME EMBORA
por ser puritano em excesso
Rosalina diz-me agora
que sou no mínimo perverso
Se os homens e as mulheres
se engatassem como os cães
surgiam menos “affaires”
havia menos cabrões
Usa a farsa por sistema
-fórmula mágica, lúdica-
De tão santa é obscena
Quanto mais puta mais pudica
Isolado como um cão
sózinho que nem cachorro
de tanta “isolação”
quanto mais vivo – mais morro
Vai haver governo novo
tramaram a oposição
Quem mais se trama é o povo
haja ou não haja eleição
Por baixo daquele véu
há um inferno que arde:
um olho virado ao Céu
outro à braguilha do padre
Tanto mal que se tem feito
Com vista a que o Bem se instale!
Não daria mais proveito
Tentar melhorar o Mal?
&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&
O homem tinha a tensão normal:
treze e qualquer coisa
sete e tal
O colestrol
confortavelmente abaixo dos duzentos
a velocidade
de sedimentação do sangue
dentro dos parâmetros
próprios da idade
O estômago
funcionava em perfeição
– excepto alguma azia esporádica
– como acontecem as trovoadas
– no Verão
Fazia com regularidade
um exame geral – o seu Ketchup
como ironicamente contava aos seus amigos
e assim ganhava ânimo
para a sua cervejinha vesperal
Deixara de fumar aos vinte e quatro anos
– meses depois de
– regressar do Ultramar
Como já se viu
não abusava do álcool
era velho demais para pensar em drogas
ginasticava as pernas
em passeios radiais
pelo Centro histórico da cidade
Pouco interessará
saber-se mais do homem:
só o tempo e o modo
com que o seu poema
passou para o papel
quarta-feira, 6 de junho de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário