quinta-feira, 5 de julho de 2007

CANÍCULA

Tem a ver com cana- não com cão, como cheguei a imaginar. Mas lá que morde, morde.
Chegou. Seja como for,ela aí está. Ultrapassando os 35, cada vez mais próxima dos quarenta. Tanto
como, agora, em média, o número de pessoas ( amigos) a quem sei chegar no dia-a-dia.
E aqui em casa é péssimo. Porque a magra tensa cada vez dá menos para meter um tecto falso, um
Pladur ou lá como se chama aquilo- que pelo menos visualmente me liberte das chapas caneladas de
fibrocimento ou semelhante. Até dizem que amiantado – o que pode, no mínimo, provocar o cancro.
Bom, mas quem me lê não estará disposto a continuar a aceder a um rosário de lamentações – como
tem sido a saga, relatada à exaustão, de ter que (re)tirar a carta ( leia-se: tirar mais do que uma vez).
É tempo, pois, de reverter a palamenta térmica de inverno: aquecedores eléctrico e a gás; braseira
eléctrica; termoventilador ( lembra-se: o que faz mais barulho do que tractor agrícola em fase de
arranque); substituir na cama, finalmente, a manta lobeira e a modernice do edredon chinês – por
um simples e homeotérmico lençol de algodão estampado aos ramalhões, que velha namorada me
ofereceu já lá vão uns bons anitos. É dos bons, fabricado no Vale do Ave – antes das
deslocalizações e da pós-moderna criação mental que dá pelo nome de Fléxisegurança ou lá o raio
que os parta.
Pôr (tempo de) a também velha ventoinha, de origem marroquina, comprada no ti Prates, a
funcionar pela primeira vez, depois de lhe espanar as pás com um artefacto de penas côr-de-rosa
que faz lembrar penacho de cavalo em maré de cortesias.
Por falar em cores: a gente nem se dá por isso. A casa-de-banho, por exemplo, toda branca, tem um
“protector” de plolibain azul, um balde de esfregona cor-de-cereja em baixo e uma peça
aparentemente insignificante que anima todo aquele espaço: o cabo da esfregona. Se eu fosse pintor
cairia quase em exclusivo encima dessa peça: Estilizada, sobre o fundo branco da parede e a curta
distância do plástico do polibain – azul – o cabo de esfregona é de um indiscreto amarelo gema-deovo,
encimado por um irrisório apêndice de cor verde.
Aí está por que este Vosso amigo nunca pode ser um bom cronista, um jornalista, um profissional
de escrita! Dispersa-se com a celeridade do mais bem lubrificado catavento.
Por falar em celeridade: aprendi ontem na aula teórica de condução estes três termos no mínimo
grotescos ( Vê, Professora Antónia Lima, que não foi em vão o seu curso de Literatura e Arte!? ) -
para designar equipamentos com que estamos de sobra familiarizados: A Pala de plástico que
estamos habituados a ver sobre o habitáculo dos camiões monstruosos com que nos cruzamos – tem
o nome de código de (fixe,por favor) – Pantógrafo. Vá-se lá saber por quê!
O plebeu conta-rotações convém saber que é tecnicamente é um Taquímetro. E o a que você,
simples diletante nestas coisas do trânsito, designa por conta- quilómetros – saiba que em
nomenclatura exegética, formal, decente, rigorosa, deve ser conhecido como CELERÓMETRO.
O meu leitor sabia disto – ou estará, como eu, a precisar de reciclagem?
Por estas e outras é que as Estradas portuguesas matam mais utentes do que os Talibans soldados
das forças aliadas no Afeganistão.
Sabe o que é um afegão. Conhece de certeza – uma espécie de papa-figo. Conhece ou não conhece?
Perdão. Vou mesmo instalar a ventoinha. Sem mais derivações: em frente da cadeira, com uma
toalha turca encharcada em permanência por um sistema gota-a-gota – de que já falei em pormenor
na época transacta. Não leu? - tivesse lido!
De qualquer modo, aí vai um caloroso ( será conveniente?) abraço

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