quarta-feira, 18 de julho de 2007

INSTRUÇÕES PRIMÁRIAS
SANTA PAZ ESTIVAL
1 – Verão ( estamos mesmo a ver!) - o meu eu já o vi: na melhor das hipóteses até finais de Agosto
agarrado ao Código da Estrada; diariamente 4 viagens à boleia entre o Monte e Arraiolos; ouvir do
instrutor o essencial e o acessório -tentar apreender o máximo possível para evitar passar o resto dos
meus anos de vida (que, pelas estatísticas, já nem serão muito numerosos) agarrado ao volante de
uma viatura “oficial” acompanhado de um coro de ameaças que em nada tranquiliza o meu pobre
espírito de aprendiz eterno:
a manobra que o senhor acaba de fazer – no exame é chumbo imediato!
Resisto à tentação de me curvar ligeiramente ante a imagem de nossa Senhora de Fátima que tenho
na ciranda, ornamentando a chaminé, e pedir-lhe – pela primeira vez – algum favor: que me liberte
sem demora desta provação angustiante. Porque, o meu leitor á sabe, agradecer sim, esmolar não.
Previsão, então, polvilhada de pródigo optimismo, a minha modesta mobilidade transitária (?) - só
lá para finais do mês que vem. E espero, por antecipação, que não seja transitória!
2 – O país em peso desligou os motores, e viaja ao sabor das correntes de ar que devem produzir-se
lá em cima. Numa calma silenciosa e sedativa, capaz de adormecer os espíritos mais alvoroçados.
Escapam os Tribunais e o aparelho de justiça – não sei se funciona mesmo essa tal lei polémica que
determinou o fim das férias judiciais! É capaz!
Com resultados volumosos: pelo menos em termos de produção de escrita: A televisão anunciava –
temos então que acreditar - que só para ler os acórdãos do processo Apito Dourado eram necessárias
no mínimo 7 horas!!! É obra!
Muita prosa, muita paciência para quem lê e não menos para quem tem que ouvir, muitas
garrafinhas de água para não deixar colar as palhetas da fala e canais adjacentes. Para quê?: para
aplicar umas tantas penas simbólicas a meia-dúzia de árbitros incautos, respectivos acólitos
bandeirinhas, a 2 ou 3 dirigentes desportivos secundários – tudo convertido em “penas suspensas” -
dado o bom comportamento pregresso dos arguídos.
Estou mesmo a ver Pinto da Costa e Valentim Loureiro a tremerem que nem varas verdes com
medo das sentenças!
Iden para os processos "Braga Altern" e "Braga Parks" – com propriedade agora de "ver Braga por
canudo". O primeiro – o das raparigas brasileiras e ucranianas – com um desfecho pesado, mas
justo: condenado a 9 (nove) anos de prisão o arguído principal. É assim mesmo. Ainda dizem que
não se faz justiça nesta Terra!
Só que (há sempre nestas estórias um só que) o bom do arguído já tinha cuidado de se pôr a milhas
muito antes destas burocracias Kafkianas da Justiça lusitana. Qual Bin Laden do hedonismo e dos
prazeres elementares – o nosso herói de Braga refugiou-se em parte incerta, quem sabe na zona
montanhosa, inexpugnável, do Afeganistão - de onde comandará em paz (também ela justa) os
prósperos negócios que foram deslocalizados para a vizinha Espanha.
Antes mesmo que terminem os tais 9 anos de condenação – daqui por uns mesitos – o homem
voltará a Braga, à imagem e semelhaça de Fátima Felgueiras, meterá as balarinas, nas horas de ócio,
a recolher assinaturas entre a população masculina do Distrito, abonando o seu profundo
arrependimento e a falta "oficial" que a prosecução da sua actividade irá trazer ao desenvolvimento
económico do Minho.
Ainda à semelhança do que acontece com o Braga Parks, pode muito bem este impoluto homem de
negócios socorrer-se do incontornável poder da hierarquia da Igreja. Um cónego? Um bispo? Que
não se fará rogado em abonar as qualidades morais do retornado.
Eu é que estou lixado – que tenho que passar o Verão agarrado ao volante de um automóvel de
instrução.
Boas Férias. Como já disse algures, eu continuo de Fúrias
estival abraço

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